A eritroblastose fetal
Uma
doença provocada pelo fator Rh é a eritroblastose fetal ou doença hemolítica do
recém-nascido, caracterizada pela destruição das hemácias do feto ou do
recém-nascido, podendo levar a criança à morte.
A eritroblastose fetal só ocorre quando mulheres Rh-
têm filho Rh+, o que pode acontecer quando o pai é Rh+.
Durante a gestação ocorre passagem, através da
placenta, apenas do plasma da mãe para o sangue do filho e vice-versa.
Entretanto, durante o parto, quando a placenta se descola do útero, os
capilares deste se rompem, permitindo a passagem de hemácias do feto para o
sangue da mãe. Se o filho é Rh+, ele possui nas hemácias fator Rh que, ao
entrar em contato com o sangue da mãe Rh-, estimula a produção do anticorpo
anti-Rh, que fica no plasma da mãe.
Aproximadamente 15 a 20 dias após essa passagem, a mãe
desenvolve os anticorpos anti-Rh. Na
primeira gestação, portanto, não há perigo de ocorrer a eritroblastose,
a não ser que a mãe já tenha sido sensibilizada anteriormente por meio de
transfusão de sangue Rh+.
A partir da segunda gestação, se o filho for Rh+
novamente, a mãe já estará sensibilizada, e seu plasma contendo anti-Rh, ao
entrar em contato com o segundo filho, provocará a destruição das hemácias do
feto.
A eritroblastose fetal pode ser prevenida
injetando-se, na mãe Rh-, soro contendo anti-Rh, logo após o nascimento do
primeiro filho Rh+. Isso provoca a destruição das hemácias que passaram do
filho para o sangue da mãe, evitando, assim, a sensibilização da mãe e a
consequente produção de anticorpos. Essa prática deve ser repetida após cada
parto, a fim de diminuir a sensibilização da mãe.
Falso O – o efeito Bombaim
Pais do grupo sanguíneo O tiveram um filho A. Isso é
possível? A resposta mais lógica é não. Essa resposta, entretanto, nem sempre
pode ser absoluta. Deve-se investigar se os pais são realmente do grupo O, ou
se pertencem a uma pequena porcentagem da população(menos de 1%) que é de
falsos O. Estes podem ter genótipos IAIA, IAi, IBIB, IBi ou IAIB, mas são
sempre identificados como do grupo O por meio das técnicas tradicionais de
determinação dos grupos sanguíneos. Para esclarecer essa questão, devem ser
realizados testes especiais, porém simples, que permitem verificar se os
indivíduos são realmente do grupo O ou se são falsos O. A incidência de falsos
O é maior na Índia, especialmente em Bombaim, falando-se, por isso, em efeito Bombaim. A
explicação é que existe em um dos cromossomos um lócus gênico denominado lócus
H ou h, que apresentam relação de
dominância entre si. Os indivíduos HH ou Hh sintetizam uma enzima que
transforma uma substância precursora em antígeno H. É esse antígeno que é transformado em antígeno A ou B. Desse
modo, nos indivíduos HH ou Hh esses testes fornecem resultados corretos.
Os indivíduos hh, no entanto, sintetizam uma enzima
defeituosa que não transforma a substância precursora em antígeno H. Na
ausência desse antígeno, as enzimas produzidas sob o comando dos alelos IA e IB
não são operantes, pois não existe o substrato(antígeno H) sobre o qual atuam.
Desse modo, não são formados os antígenos A ou B, mesmo que a pessoa tenha o
gene IA e/ou o IB. Essas pessoas são os
falsos O.