segunda-feira, 17 de junho de 2013

A eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) / O falso O

A eritroblastose fetal

Uma doença provocada pelo fator Rh é a eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido, caracterizada pela destruição das hemácias do feto ou do recém-nascido, podendo levar a criança à morte.
A eritroblastose fetal só ocorre quando mulheres Rh- têm filho Rh+, o que pode acontecer quando o pai é Rh+.
Durante a gestação ocorre passagem, através da placenta, apenas do plasma da mãe para o sangue do filho e vice-versa. Entretanto, durante o parto, quando a placenta se descola do útero, os capilares deste se rompem, permitindo a passagem de hemácias do feto para o sangue da mãe. Se o filho é Rh+, ele possui nas hemácias fator Rh que, ao entrar em contato com o sangue da mãe Rh-, estimula a produção do anticorpo anti-Rh, que fica no plasma da mãe.
Aproximadamente 15 a 20 dias após essa passagem, a mãe desenvolve os anticorpos anti-Rh. Na  primeira gestação, portanto, não há perigo de ocorrer a eritroblastose, a não ser que a mãe já tenha sido sensibilizada anteriormente por meio de transfusão de sangue Rh+.
A partir da segunda gestação, se o filho for Rh+ novamente, a mãe já estará sensibilizada, e seu plasma contendo anti-Rh, ao entrar em contato com o segundo filho, provocará a destruição das hemácias do feto.
A eritroblastose fetal pode ser prevenida injetando-se, na mãe Rh-, soro contendo anti-Rh, logo após o nascimento do primeiro filho Rh+. Isso provoca a destruição das hemácias que passaram do filho para o sangue da mãe, evitando, assim, a sensibilização da mãe e a consequente produção de anticorpos. Essa prática deve ser repetida após cada parto, a fim de diminuir a sensibilização da mãe.

Falso O – o efeito Bombaim

Pais do grupo sanguíneo O tiveram um filho A. Isso é possível? A resposta mais lógica é não. Essa resposta, entretanto, nem sempre pode ser absoluta. Deve-se investigar se os pais são realmente do grupo O, ou se pertencem a uma pequena porcentagem da população(menos de 1%) que é de falsos O. Estes podem ter genótipos IAIA, IAi, IBIB, IBi ou IAIB, mas são sempre identificados como do grupo O por meio das técnicas tradicionais de determinação dos grupos sanguíneos. Para esclarecer essa questão, devem ser realizados testes especiais, porém simples, que permitem verificar se os indivíduos são realmente do grupo O ou se são falsos O. A incidência de falsos O é maior na Índia, especialmente em Bombaim, falando-se, por isso, em efeito Bombaim. A explicação é que existe em um dos cromossomos um lócus gênico denominado lócus H  ou h, que apresentam relação de dominância entre si. Os indivíduos HH ou Hh sintetizam uma enzima que transforma uma substância precursora em antígeno H. É esse antígeno que é transformado em antígeno A ou B. Desse modo, nos indivíduos HH ou Hh esses testes fornecem resultados corretos.

Os indivíduos hh, no entanto, sintetizam uma enzima defeituosa que não transforma a substância precursora em antígeno H. Na ausência desse antígeno, as enzimas produzidas sob o comando dos alelos IA e IB não são operantes, pois não existe o substrato(antígeno H) sobre o qual atuam. Desse modo, não são formados os antígenos A ou B, mesmo que a pessoa tenha o gene IA  e/ou o IB. Essas pessoas são os falsos O.